Esta nova comunicação, livre dos editoriais, vai me permitir ser eventualmente mais politicamente incorreto. Peço desde já desculpas aos eventuais haters, e futuros haters, ou aspirantes a… Vou me esforçar para atenuar as dores, mas nunca a amolecer as intenções: irritar levemente para provocar um raciocínio mais estoico e lógico, e, óbvio, sincero e politicamente incorreto. Querem palavras bonitas ditas numa manhã as 4:42, tomando água, limão e gratidão, mostrando o corpo em frente ao mar, citando um Salmo de David, estão no lugar errado. Aqui é bomba, tiroteio livre, mas pacíficos.
Neste primeiro texto vou abordar algo que me incomoda muito: conselhos. Dados e recebidos, preciso esclarecer. Lembro da frase da época dos meus pais: “se conselho fosse bom não seria dado mas sim vendido” (mais uma verdade verdadeira popular). Eu eventualmente arrisco dar um conselho para a vida dos outros que é: faz o que você quer fazer e f… os outros. Este é meu highlight da mentoria anarquista hiratiana (rs).
Recebo muitas mensagens de jovens, em especial mas não somente, pedindo conselhos sobre que área seguir como especialidade. Não conheço as pessoas que perguntam, não participo das suas vidas, não sei seus sonhos e anseios, não conheço acima de tudo seu coração; como poderia dar um conselho do que fazer para o resto da vida? Mas eles mesmo me relatam que muitos vivem dando conselhos a eles, e por isso ficam confusos. Muitos gostariam de se dedicar a pediatria, tem uma afinidade a amor por atendimentos a crianças, mas outros começam a opinar: faça HOF ou estética dental porque hoje tem procura e “dá dinheiro”. Sobre essa última e lastimável parte do “dar dinheiro” vou escrever num próximo texto, deixe-me focar sobre os palpiteiros da vida alheia.
Pessoas que conhecem você há 30 minutos, uma semana, um ano, dez anos, mas decidem dizer para você o que fazer da SUA vida para sempre, pensa numa coisa insensata. Você acha que estas pessoas dando conselhos querem que você tenha realmente muito sucesso, e se tiver sucesso elas irão ficar felizes? Pensa bem. Acha que estas pessoas querem sua felicidade e por isso, do nada, resolvem te dizer o que fazer da sua vida? Ou elas estão simplesmente tentando justificar para elas próprias, o conselho que receberam no passado e que fez suas vidas serem incompletas trabalhando numa área que supostamente dava
dinheiro ao invés do que queria mesmo fazer?
Um segundo ponto é o óbvio, se todo mundo está fazendo como justificam os conselheiros da vida alheia, o mercado satura mais rapidamente, e de repente, você vai perceber que está parando de dar dinheiro. E foi exatamente assim com: ortodontia na década de 90, depois implantodontia, hoje HOF, e assim vai. Satura por uma mera estatística basica e uma classica “curva de Gauss” ou “curva do sino” que fala da distribuição ao redor da media e esclarece da estupidez do conselho: faz porque tá todo mundo fazendo. O melhor seria escutar: faz porque ninguém está fazendo certo???
Finalizo citando Cazuza, quando falava em seu “blues da Piedade”, sobre as pessoas de alma bem pequena, remoendo pequenos problemas (ou dando conselhos para a vida alheia): VAMOS PEDIR PIEDADE, SENHOR PIEDADE, PARA ESSA GENTE CARETA E COVARDE…
Um grande abraço,
Ronaldo Hirata